Elisaldo Luiz de                                       Araújo Carlini 

Foto: Acervo institucional

Pioneiro nos estudos sobre uso medicinal da maconha e seus componentes, e dos primeiros levantamentos nacionais sobre o uso de drogas

Escola Paulista de Medicina

Breve biografia

Elisaldo Luiz  de Araújo Carlini nasceu em Ribeirão Preto, cursou os estudos primeiros em uma escola rural em Piraju, o curso ginasial em São João do Rio Preto e aos 15 anos mudou-se para São Paulo, onde trabalhou como office boy na empresa White Martins enquanto cursava o científico à noite na Escola Estadual Caetano de Campos. Cursou  Medicina  na Escola Paulista de Medicina entre 1952 e 1957, estagiando a partir do segundo ano no Departamento de Bioquí­mica e Farmacologia, sob orientação dos professores José Ribeiro do Valle e João Leal Prado.  Fez Mestrado em Psicofarmacologia na Yale University em 1962. 

Foi professor de Farmacologia na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo na década de 1960 e retornou em 1970 à Escola Paulista de Medicina, onde criou o setor de Psicofarmacologia, no Departamento de Bioquímica e Farmacologia, que veio a se transformar no Departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina. Foi um dos criadores do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia, um dos mais conceituados da UNIFESP e do paí­s (nota 7 da CAPES). Embora nunca tenha feito Doutorado formal (para encontrar seu CV na plataforma Lattes é  preciso desmarcar esta condição), recebeu o tí­tulo de Doutor honoris causa de inúmeras universidades, dentro e fora do paí­s. Foi orientador de 37 Mestrados e 29 Doutorados, entre eles o primeiro da Escola Paulista de Medicina, em 1971, de Jandira Masur, cientista pioneira no estudo da dependência de  Álcool e outras drogas no Brasil. 

Carlini foi autor de 340 artigos cientí­ficos, 22 livros e diversos relatórios tecnicos. Atuou também, como orientador de Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Medicina Preventiva da Unifesp. Carlini criou o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (CEBRID), setor responsável pelos primeiros levantamentos nacionais sobre o uso de a  Álcool e outras drogas com amostras representativas da população geral, de estudantes e de crianças em situações de rua. Ele coordenou pesquisas sobre plantas com efeito medicinal e atuou também na área de farmacovigilância, tendo sido presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e membro do Conselho Econômico Social das Nações Unidas (ECOSOC/ONU). Foi membro do Expert Advisory Panel on Drug Dependence and Alcohol Problems da World Health Organization (WHO), do International Narcotic Control Board (INCB) durante 7 mandatos, eleito pelo Conselho Econômico Social das Nações Unidas. Coordenou a Câmara de Assessoramento Técnico Científico da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), tendo sido condecorado duas vezes pela Presidência da República por seu trabalho científico pioneiro.

Professor carismático, cientista pioneiro no estudo das drogas psicotrópicas, nunca deixou de trabalhar, orientar e lutar pelas suas ideias e ideais, mesmo após sua aposentadoria compulsória, em 1996. Lutou incansavelmente pelo uso racional de medicamentos, incluindo analgésicos opióides, pela descriminalização do uso de drogas e principalmente pelo uso medicinal da maconha e seus derivados.  Seu trabalho contribuiu para a criação do PL 399/2015, que traz a possibilidade de cultivo e produção de produtos terapêuticos a base de cannabis no Brasil, existindo um abaixo-assinado que solicita que a referida lei leve o nome de Lei Elisaldo Carlini, em sua homenagem. Além dos  movimentos pela legalização da maconha medicinal, atuou também em defesa das liberdades democráticas, defendendo suas ideias de forma contundente. Sua paixâo e amor pelo trabalho e pelos seus ideais contagiaram seus alunos e colegas. Seu exemplo de cidadania e dedicação a universidade inspirou e inspira seus alunos, colegas e pessoas que acreditam em uma sociedade que valorize e promova a educação, a ciência, a ética, a equidade e a justiça social. 


Principais contribuições para a Ciência

Considerado o maior nome da ciência brasileira e internacional quando o assunto ao uso medicinal da maconha. Na década de 1960, trabalhando com o cientista israelense Mechoulan e colegas brasileiros descreveu o efeito antiepilético do canabidiol. Além da cannabis, Carlini também estudou uma variedade de outras plantas medicinais brasileiras, investigando suas propriedades farmacológicas em aplicações terapêuticas. Com patrocí­nio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas realizou os primeiros levantamentos nacionais sobre uso de drogas no Brasil. 


Para saber mais

revistapesquisa.fapesp.br/elisaldo-carlini-o-uso-medicinal-da-maconha/ 


Indicação referendada pela Câmara de Pós Graduação e Pesquisa da Escola Paulista de Medicina - campus São Paulo.