Antônio Roberto Espinosa Depetriz
Foto: Jornal Brasil de Fato.
Professor, cientista político, jornalista e importante militante de esquerda. Participou da criação do curso de graduação em Relações Internacionais da Unifesp
Escola Paulista de Economia, Política e Negócios
Breve biografia
Após o longo período em que amargou o cárcere como preso político, graduou-se enfim em Filosofia pela USP no ano de 1976. Foi diretor na editora Abril, onde permaneceu por 11 anos, começando como redator, depois Editor Chefe e, enfim, Gerente Editorial, tendo participado como redator ou como editor por conhecidas coleções , tais como “Os pensadores”, a “Enciclopédia Abril”, “Século XX”, “Conhecer Nosso Tempo”, “Grande Enciclopéia Médica”, “Programa Alfa” e “Ação Móvel”. Esteve também no planejamento de obras como “Medicina & Saúde”, “História Viva” e “Literatura Comentada”. Ao deixar a Abril fundou o jornal “Primeira Hora”, cidade onde viveu até o fim de seus dias. No município foi presidente da Comissão da Verdade de Osasco (CMVO), que apurou crimes cometidos pelos agentes da repressão durante a ditadura militar. Ainda no mercado editorial, de 2005 a 2006 foi Editor Chefe da Boitempo, deixando-nos como legado a “Latinoamericana”, Enciclopéia Contemporânea da América Latina e do Caribe. Doutorou-se em Ciência Política pela USP. Foi professor de Política Internacional da Escola Superior Diplomática (ESD); também de Relações Internacionais e Blocos Econômicos do Centro Universitário Fieo (Unifieo) e, por fim, Professor Adjunto de Pensamento Político e Relações Internacionais da EPPEN-UNIFESP, onde também foi membro das Câmaras de Pós-Graduação e de Extensão e Cultura, bem como da Comissão de Relações Internacionais. Fez parte, ali, do núcleo de professores que conceberam e implementaram o curso de pós-graduação em “Conflitos internacionais e globalização”, onde deu aulas e fez discípulos, orientando importantes pesquisas que em muito têm contribuído para o entendimento dos problemas do mundo contemporâneo. Publicou dezenas de títulos, entre eles “Abraços que sufocam: e outros ensaios sobre a liberdade”, que chegou às livrarias na aurora do novo milênio. Trata-se de uma coletânea de textos publicados em jornais e revistas, desde os primeiros anos de atividade jornalística até o “Primeira Hora”; contemplando temas caros a distintas conjunturas em diferentes períodos como os rumos da esquerda nas suas diversas esferas de organização, o processo de abertura política e suas mazelas, a conjuntura internacional da América Latina à fragmentação do Leste Europeu com o fim da URSS e, com centralidade, escritos que rememoram a luta armada contra a ditadura, recuperam as vozes de muitos de seus companheiros em armas e também de cárcere, a condição de preso político e a tarefa de seguir adiante, nas muitas lutas que se seguiram a este assombroso período. A laureada tese de doutoramento que defendeu na USP, no ano de 2011, enfim chegou ao mercado editorial em 2014, sob o título “A sombra dos Leviatãs: um estudo crítico dos desencontros entre as faces amistosa e crispada do Estado sob as globalizações e as guerras do século XXI”. É o mesmo ano em que sua monografia apresentada à FESPSP, em 2005, também chegou às livrarias com o título “O ônus da prova neoconservadora”.
Principais contribuições para a Ciência
Sua maior contribuição aos campos de análise de Política Internacional e de Relações Internacionais se deu com “A sombra dos Leviatãs”, incursão teórica que pôs à teste, frente a ordem internacional que sucedeu a Guerra Fria, os paradigmas e repertórios teórico-conceituais dominantes (o mainstream), verificando o fracasso explicativo desses referenciais frente aos problemas do tempo presente e a necessidade de consecução de um novo consenso analítico. O diagnóstico, válido tanto para os paradigmas unidimensionais do liberalismo e do leno-stalinismo, quanto para os bidimensionais do realismo e do racionalismo, é o da redução de fenômenos complexos ao simplismo de esquemas teóricos baseados ainda na unidade ontológica do interesse nacional. Contra esses e outros reducionismos, propôs abordagens integradas dos fenômenos que, articulados, constituem a realidade contemporânea no sistema mundial: a guerra, a globalização e o Estado, distinto daquele que estaria sucumbindo ao capital transnacional, no lugar de uma “aldeia global”, como afirma o triunfalismo neoliberal. Também contribuiu com o debate acerca das possibilidades de uma teoria marxista das relações internacionais e no qual demarcara suas notórias distâncias dos aportes lenilistas, sobretudo as teorias do imperialismo elaboradas durante a Segunda Internacional.
Para saber mais
www.youtube.com/watch?v=iyWyblTXFZE
www.cartacapital.com.br/politica/marcas-da-tortura-166/
visaooeste.com.br/osasco-perde-antonio-roberto-espinosa-um-dos-grandes-ativistas-de-sua-historia/
sindmetal.org.br/nota-de-pesar-pelo-falecimento-de-antonio-roberto-espinosa/
Indicação referendada pela Câmara de Pós Graduação e Pesquisa da Escola Paulista de Economia, Política e Negócios - campus Osasco.