Abrahão Rotberg
Foto: SciELO Brasil.
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Dermatologista que contribuiu para o conceito espectral da hanseníase e lutador incansável contra o estigma da doença
Escola Paulista de Medicina
Breve biografia
Nascido em 1912, Abrahão Rotberg colaborou de forma excepcional para os avanços da dermatologia e os estudos da hansenologia do país. Em 1933, Rotberg graduou-se em Medicina pela Universidade de São Paulo, e, nesse mesmo ano, defendeu sua tese de doutorado “Intradermorreação de Mitsuda-Hayashi”, onde oferecia uma classificação mais precisa para as manifestações graves e benignas da hanseníase. O primeiro contato com a hanseníase se deu durante o seu último ano de medicina no Hospital Padre Bento, que na época era uma das instituições de confinamento compulsório para portadores do Mal de Hansen. Posteriormente, já formado, Rotberg iniciou a sua carreira no Departamento de Profilaxia de Lepra e no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina/USP, onde aperfeiçoou seus estudos sobre hanseníase e dermatologia.
Abrahão Rotberg exerceu diversas funções nas políticas sanitárias para o controle da hanseníase em São Paulo. Foi membro ativo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Leprologia (posteriormente Hansenologia), foi um dos fundadores da Sociedade Paulista de Leprologia e da Revista Brasileira de Leprologia (posteriormente Hansenologia Internationalis). Foi coautor, junto com Luiz M. Becchelli, de um tratado de Leprologia (1956).
Em 1958, ingressou no magistério na Escola Paulista de Medicina/Unifesp, onde atuou como Professor Titular de Dermatologia até 1970. Durante a década de 1960, Abrahão Rotberg também dirigiu o Departamento de Lepra de São Paulo, onde foi fundamental para a reformulação das políticas de saúde pública relacionadas à doença: propondo a terminologia “hanseníase” e abolindo a internação compulsória, transformando os sanatórios em hospitais de Dermatologia Sanitária (1967). Após campanha nacional e internacional, o termo “hanseníase” foi incorporado pelo Ministério da Saúde do Brasil em 1975.
Abrahão Rotberg foi um grande estudioso de outras doenças infecto-contagiosas e também se destacou no campo da alergia, mas foi a partir da observação de pacientes portadores de hanseníase que Abrahão publicou seu trabalho mais notável: o Fator N/Margem Hansen-anérgica (1989), onde a forma de manifestação clínica da doença seria determinada de acordo com fatores genéticos. Esse estudo corroborou com a classificação espectral da hanseníase.
Abrahão Rotberg realizou atendimentos em seu consultório de dermatologia até 2003, e, deixando um legado que ultrapassa as barreiras do tempo, faleceu em novembro de 2006. Sua contribuição não inclui apenas avanços científicos, mas também a mudança de paradigma na forma como a hanseníase era/é encarada socialmente, impactando positivamente a vida de incontáveis pacientes que se beneficiaram de suas pesquisas e de sua visão humanitária.
Principais contribuições para a Ciência
Seu amplo conhecimento na área das ciências da saúde e a sua perspicácia como observador trouxe grandes contribuições para a compreensão do comportamento espectral da hanseníase, de acordo com a resposta imune e a genética do indivíduo infectado pelo agente etiológico. Seu papel para a sociedade foi inestimável na sua luta contra o estigma da doença, não só desativando os “leprosários”, mas a introduzindo o termo "hanseníase", que ajudou a reduzir o estigma associado à condição, facilitando uma abordagem mais humana e menos discriminatória no tratamento dos pacientes.
Para saber mais
https://www.scielo.br/j/abd/a/Jgm69t48v3t3KNMF4L8qHdp/?lang=pt
http://www.fiocruz.br/historiadahanseniase/media/ResenhaAbraaoRotberg.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/hanseniase_direitos_humanos.pdf
https://lemostorresepm.blogspot.com/2019/09/biografia-do-prof-abrahao-rotberg.html
Indicação referendada pela Câmara de Pós Graduação e Pesquisa da Escola Paulista de Medicina - campus São Paulo.